De acordo com uma Relatório do ScienceAlert, em 2019, uma equipe internacional de cientistas liderada pela arqueóloga Melissa Kennedy, da University of Western Australia, escavou um arenito Mustatil de 140 metros de comprimento perto de Al-'Ula, no noroeste da Arábia Saudita, chamado IDIHA-F-0011081. Os misteriosos recintos retangulares foram usados pelo povo neolítico para rituais desconhecidos. As escavações revelaram centenas de fragmentos de restos de animais, agrupados em torno de uma laje vertical de pedra interpretada como sagrada. Isso sugere que a laje de pedra é uma pedra sagrada que representa o deus ou deuses das pessoas que viveram na região há milhares de anos.
Os Mustatils são uma descoberta única no campo da arqueologia. Essas estruturas são encontradas apenas no noroeste da Arábia Saudita e foram descobertas pela primeira vez na década de 1970 por fotografia aérea. Essas estruturas de aparência estranha são feitas de rochas e têm formato retangular, com um comprimento geralmente maior que a largura. As paredes da estrutura são construídas com pedras que são colocadas umas sobre as outras, sem o uso de argamassa ou cimento, em uma técnica conhecida como alvenaria de pedra seca. Os Mustatils podem variar em tamanho, sendo alguns relativamente pequenos e outros com até dezenas de metros de comprimento.
Acredita-se que sejam estruturas antigas que foram construídas durante o período neolítico, que remonta a cerca de 8,000 anos atrás. Os Mustatils ainda estão envoltos em mistério e seu propósito não é totalmente claro. Alguns especialistas acreditam que podem ter sido usados para fins religiosos ou cerimoniais, enquanto outros sugerem que podem ter sido usados para observações astronômicas ou como cercados de gado.
Outra teoria sugere que Mustatils foram usados para a caça. As paredes de pedra podem ter criado barreiras que canalizavam os animais para um espaço estreito onde poderiam ser facilmente caçados. Esta teoria é apoiada pela presença de antigas armadilhas para animais perto de alguns Mustatils.
Alguns especialistas propõem que Mustatils foram usados como túmulos ou câmaras funerárias. A uniformidade das estruturas e a presença de restos humanos encontrados perto de alguns Mustatils apóiam essa teoria. No entanto, nem todos os Mustatils contêm restos humanos, lançando dúvidas sobre esta teoria. Seja qual for o seu propósito original, essas estruturas são uma descoberta fascinante que fornece informações sobre a vida nos tempos antigos da região.
Nas últimas décadas, os arqueólogos que estudam os Mustatils descobriram que eles foram construídos durante um período de maior pluviosidade na área, o que pode ter permitido populações maiores e sociedades mais complexas. As próprias estruturas estão alinhadas com características astronômicas, como o nascer e o pôr do sol e da lua, sugerindo que eram usadas para observações astronômicas ou rituais.
Uma das descobertas mais fascinantes no noroeste da Arábia Saudita é a presença de arte rupestre perto dos Mustatils. A arte rupestre retrata animais, humanos e formas geométricas, e acredita-se que remonta ao mesmo período que os Mustatils. A presença de arte rupestre tão perto das estruturas sugere que elas faziam parte de um complexo cultural maior e um envolvimento da antiga civilização nabateia, que controlava grande parte da região durante o primeiro século aC.
Em conclusão, a descoberta de Mustatils no noroeste da Arábia Saudita é uma prova da importância da pesquisa arqueológica para desvendar os segredos do nosso passado. É somente através dos esforços dedicados de cientistas, pesquisadores e comunidades locais que podemos esperar obter uma compreensão mais profunda de nossa herança cultural compartilhada e da rica história de nosso planeta.
À medida que novas descobertas como essa continuam a ser feitas, fica claro que há muito mais a aprender sobre os Mustatils e as pessoas que os construíram. É um momento emocionante para a arqueologia e que promete produzir muitos insights mais fascinantes sobre o nosso passado.
A pesquisa foi financiada pela Royal Commission for AlUla e foi publicada em PLoS ONE.